Cap.
VIII – Item 19
Quando
a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou as notícias do Senhor e leu-lhe
a promessa divina:- “Estarei convosco até ao fim dos séculos...”
Acendeu-se-lhe
a esperança no imo d´alma.
E,
certa manhã, partiu à procura do Mestre, à feição da corça transviada no
deserto, quando suspira pela fonte das águas vivas.
Entrou
num templo repleto de luzes faiscantes, onde se venerava a memória; todavia,
não obstante sentir que a fé aí brilhava entre cânticos reverentes e flores
devotas, não encontrou o Divino Amigo. Buscou-o nos vastos recintos, onde se
lhe pronunciava o nome com inflexão de supremo respeito; contudo, apesar de
surpreender-lhe o ensinamento puro, no verbo daqueles que sobraçavam dourados
livros, não lhe anotou a presença.
Na
jornada exaustiva, gastou as horas... Em vão, atravessou portadas e colunas,
altares e jardins. Descia, gélida, a noite, quando escutou os gemidos de uma
criança doente, abandonada à sarjeta.
Ajoelhando-se,
asilou-a amorosamente na concha dos próprios braços. Ao levantar os olhos, viu
Jesus, diante dele, e, fremente, bradou:
-
Mestre! Mestre!...
O
Excelso Benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada, como quem lhe expungia toda a
chaga de angústia, e falou, compassivo:
-
Realmente, filho meu, estarei com todos e em toda parte, até ao fim dos
séculos; no entanto, moro no coração da caridade, em cuja luz tenho encontro
marcado com todos os aprendizes do bem eterno...
Debalde,
tentou o discípulo reter o Senhor de encontro ao peito...
Através
da neblina, espessa das lágrimas a lhe inundarem o rosto mudo, reparou que a celeste
visão se diluía no anilado fulgor do céu vespertino, mas, na acústica do
próprio ser, ressoavam para ele agora as palavras inesquecíveis:
-
Toda vez que amparardes a um desses pequeninos, por amor de meu nome, é a mim
que o fazeis...
Espírito:
MEIMEI
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Livro: “O Espírito da Verdade”
Nenhum comentário:
Postar um comentário