domingo, 23 de setembro de 2012

O SOL E A LUA



Em tempos atrás o Sol andava tristonho pela terra, seus raios já não eram tão fortes como antes e por isso, por mais que fizesse sempre era encoberto por uma nuvem escura que percorria o céu num forte vendaval, os pássaros, as flores, os animais sempre se questionavam sobre o distanciamento com seu esplendor total, uma ave de vôo inigualável chamada Condor, arriscou-se e quis conversar com o Astro – Rei. O Sol percebendo a dificuldade do Condor para se aproximar tranqüilizou-o dizendo:
“ – Linda ave de vôo quase perfeito, porque queres chegar a mim se estou por toda parte deste planeta? ”
O Condor ouvindo a pergunta do Sol lhe respondeu já exausto pelo vôo:
“ – Gostaria de saber o que lhe deixa tristonho? O planeta está quase sem tua luz, os pássaros já não sabem mais para onde ir, as flores, principalmente o Girassol já não sabem mais se dormem ou ficam acordado, os animais já não sabem mais se ficam em suas tocas ou saem para caçar, as lavouras estão se perdendo, tudo está tão confuso, que resolvi arriscar esse vôo e perguntar qual o problema.”
O Sol percebendo a preocupação do Condor disse-lhe:
“ – Não sabia que estava causando tantos problemas, confesso que me absorvi em meus pensamentos que não percebi o que estava fazendo, posso solucionar isto, prometo que vou tentar.”
O Condor percebendo as dúvidas que ficaram nas palavras do Sol ainda insistiu na mesma pergunta:
“ – Mas o que está ocorrendo que lhe tirou a atenção do resto do mundo? Poderia ajudar se você me dissesse o motivo.”
O Sol ainda encoberto disse:
“ – Acho difícil alguém me ajudar, muito difícil mesmo. Mas já que está disposto a conversar, diga-me Condor, você já amou alguém?
O Condor apoiou-se nas encostas do abismo e respondeu:
“ – Sim, já amei uma linda ave que não era um Condor, amei e sonhei muito. Porque você me pergunta isso, você que é o Sol, que possui bem mais dotes do que eu, que possui o poder em suas mãos, não é possível que não consegue conquistar o amor de sua amada, qualquer dama se renderia a sua luminosidade, ao seu esplendor, ao magnetismo natural, ao seu calor.”
E antes mesmo que o Condor continuasse o Sol o interrompeu dizendo:
“ – Qualquer uma, menos ela.”
O Condor já intrigado de tanta curiosidade então perguntou:
“ – Quem Sol? Quem é ela? Quem é a dama que lhe ofusca os olhos? ”
O Sol então olhou para o infinito e disse-lhe com o semblante tristonho:
“ – A Lua, a Lua meu amigo.”
Neste instante o Condor em respeito ao Sol segurou o sorriso e disse-lhe:
“ – A Lua? Como você apaixonou-se por ela? Como isso aconteceu? ”
O Sol percebendo o espanto o espanto do Condor lhe respondeu:
“ – Aconteceu que nos encontramos por algumas vezes, por frações de segundos em alguns lugares, mas nos encontramos. Por que você está surpreso por isso?
O Condor percebendo que o Sol já estava se exaltando tentou explicar:
“ – Por favor amigo, não quero que fique nervoso comigo, apenas estranhei a Lua ser sua amada.”
“ – Como estranhou? Nunca lhe perguntei a quem você amou e se estivesse dado certo você não responderia da mesma maneira que me respondeu.”
O Condor então lhe respondeu:
“ – Sim você está certo, desculpe-me. O que estranhei foi que você viu muito pouco esta bela criatura para se apaixonar por ela.”
Nesse instante então o Sol respondeu:
“ – Sim muito pouco, pouco mesmo. Mas nestas poucas vezes enxerguei dentro dos olhos dela e vi toda a beleza que ela trazia dentro de si. Enxerguei o seu coração, o senti bem junto a mim. Acreditei naquele olhar, vi cumplicidade, vi entrega, vi amor.”
O Condor observou o que o Sol falava mas viu que seus olhos ficavam fixos no infinito, talvez procurando os olhos da Lua, então disse:
“ – Meu amigo tenho que pensar numa maneira de lhe ajudar e lhe ajudando estarei sendo ajudado, não só eu, todo o planeta.”
O Sol com mais emoção então perguntou:
“ – Mas como você poderá me ajudar? ”
“ – Devagar amigo, primeiro preciso me encontrar com alguns amigos de hábitos noturnos e depois lhe darei a resposta.”
E o Condor saiu voando mais do que rapidamente e em menos de 5 horas, quase a noitinha apareceu junto a encosta de uma montanha onde o Sol já se reclinara para adormecer e disse-lhe:
“ – Veja meu caro amigo, o que eu trouxe junto de mim, são vários amigos de hábitos noturnos e todos eles estão dispostos a ajudar, se você continuar de dia no céu mais forte do que nunca, é esta a única condição imposta por eles para lhe ajudar.”
O Sol intrigado com tantos animais ao seu redor então perguntou:
“ – Então digam, o que vocês fariam?
Nesse instante uma Coruja com fisionomia inteligente e sábia disse:
“ – Levaríamos a Lua todos os seus recados e notícias, tudo o que precisar.”
O Sol neste momento braniu com grande satisfação ao dito pela Coruja e depois sorriu aliviado e disse:
“ – Então digam a ela, digam a ela uma coisinha que nunca tive tempo de dizer, pois quando nos víamos, ficava tão preocupado com o pouco tempo de encontro que esquecia de lhe dizer. Diga a ela que a amo, que a amo mais do que tudo, que estarei sempre esperando para nos encontrarmos, que serei o guardião do dia e ela guardiã da noite e que trabalhando juntos, os dias e as noites passarão sem erro e um dia nos veremos novamente. E quando nos encontrarmos novamente a amarei mais e mais e mais e mais, nem que demore meio século para que este encontro aconteça, mas a amarei.”
Os animais neste instante se emocionaram com a clareza e transparência do Sol, agora sim ele foi sincero em seu sentimento e não escondeu entre as nuvens escuras, não teve medo de falar o que sentia.
E a noite chegou, e a primeira a levar o recado foi a Coruja, do alto de uma árvore disse à Lua as palavras do Sol.
Naquela noite uma chuva muito branda, mas molhada, molhou a terra, cada gota de chuva representava a emoção e a sensibilidade da Lua, cada gota de chuva representava as lágrimas de amor da Lua, lágrimas de esperança, lágrima de emoção, lágrimas de satisfação, lágrimas de confiança.
Agora a Lua sabia que não estava só, e um dia se encontraria novamente com o Sol, nem que para isso demorasse meio século, mas o encontraria na imensidão do tempo!...
Ao Sol e a Lua que existe dentro de cada ser humano, que as nuvens e turbulências apenas dêem um sentido maior a existência desses dois seres...
Autor desconhecido



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